Tudo sobre “The Merge” da rede Ethereum

Símbolo da rede e criptomoeda Ethereum

Em setembro de 2022, a blockchain Ethereum concluiu o chamado “The Merge”, uma mudança na forma como seus blocos são validados que já era planejada desde meados de 2020. A ideia por trás desta mudança era reduzir em grande escala o consumo de energia da rede, tornando-a mais sustentável. Neste post, vamos explorar um pouco mais este processo e seus resultados.

O Ethereum é uma rede baseada em blockchain proposta e desenvolvida pelo programador russo-canadense Vitalik Buterin. Lançada em 2015, a rede se propôs a ser uma plataforma de desenvolvimento e execução de aplicativos descentralizados, os dApps, e de smart contracts. Ethereum também é como muitos chamam a criptomoeda base da rede, o Ether, que em termos de valor e uso é considerada rival direta do Bitcoin.

Assim como as outras redes blockchain, o Ethereum funciona à base de blocos de informações criptografadas que são criados e validados pelos dispositivos dos usuários da rede, os chamados “nós” ou “nodes”, o que garante a descentralidade da rede. Estes blocos são encadeados uns aos outros, garantindo sua imutabilidade. O processo de criação e validação de blocos pode ser executado a partir de diversos métodos, sendo os dois mais conhecidos o Proof of Work (PoW) e o Proof of Stake (PoS).

O que é o The Merge?

As chamadas fazendas de mineração possuem centenas e até milhares de placas funcionando em conjunto
As chamadas fazendas de mineração possuem centenas e até milhares de placas funcionando em conjunto — Foto: Reprodução/Wikimedia/Marco Krohn

Quando foi lançada, a rede Ethereum adotou o método de validação mais comum às tecnologias blockchain da época, o Proof of Work. Este método, que é o mesmo usado para o Bitcoin, se baseia na competição entre os usuários da rede para a validação de novos blocos, a partir do processo de mineração. Nele, os dispositivos dos usuários utilizam seu poder computacional para resolver problemas matemáticos complexos que resultam na validação dos blocos, e o primeiro a resolver tais problemas é recompensado com tokens da rede, as criptomoedas.

Como a base desse método é a competição com o uso de poder computacional, fica fácil entender que ele resulta em um uso enorme de energia elétrica. Essa questão é frequentemente abordada como uma das maiores desvantagens da tecnologia blockchain, tornando-se base de crítica de ambientalistas pelo grande uso de fontes poluentes de energia.

Entretanto, já foram desenvolvidos outros métodos de validação de blocos que tratam deste problema. O principal deles é o Proof of Stake, no qual a validação é feita por nós que possuem “stakes” de tokens na rede, e que são selecionados aleatoriamente. Isso significa que os usuários da rede podem aplicar uma quantia dos seus tokens na rede, tornando-se então possíveis validadores a partir de um algoritmo da rede que seleciona um desses validadores para cada operação.

Com o PoS, o uso de energia é teoricamente reduzido em 99% comparado ao PoW, o que torna as redes muito mais sustentáveis. Além disso, ele também melhora a escalabilidade, agilizando as operações por ser muito mais eficiente no uso de processamento, além de permitir novos upgrades que não seriam possíveis com o PoW.

Assim, o The Merge da rede Ethereum, que se traduz para “A Fusão” em português, foi a transição da rede para o método PoS, que foi realizada durante o mês de setembro de 2022. Esse processo já era planejado há pelo menos dois anos, e se tornava cada vez mais necessário devido ao aumento exponencial das operações e dos aplicativos da rede.

Inicialmente, o planejamento chamava a atualização de Ethereum 2.0, ou Eth2, apontando para a segunda versão da rede Ethereum. Entretanto, como o The Merge fundiu as duas versões em uma só rede, estes termos passaram a ser usados apenas para se referir às layers, sendo Eth1 a camada de execução e a Eth2 a camada de validação.

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O que vai acontecer depois do The Merge?

Como já foi mencionado, o principal ponto de mudança do The Merge foi a questão energética, com uma diminuição de 99% no consumo. Essa busca por sustentabilidade foi o que liderou os esforços da transição, e deve ser um dos maiores atrativos da rede a partir de agora, despertando o interesse de diversos investidores que tinham a questão ambiental como motivo para ficar com o pé atrás ante a tecnologia.

Isso já é perceptível na forte recuperação de valor que a criptomoeda Ether teve no começo de 2023, alcançando valores superiores a US$ 2.000, algo que não ocorria há cerca de um ano. O Ether chegou a cair durante a transição, algo esperado já que grandes mudanças despertam cautela em investidores, mas logo recuperou seu valor, deixando claro o sucesso do The Merge.

Além disso, o método PoS não exige tanto dos nós validadores, o que significa que mais usuários podem participar do processo com dispositivos mais modestos. Isso resulta em uma eficiência muito maior, aumentando a velocidade das transações e resolvendo problemas de escalabilidade da rede.

Com isso, muitas pessoas esperavam que as taxas de operação também fossem reduzidas. Isso não é um dos resultados diretos esperados pelo The Merge, mas poderá acontecer após certos upgrades de escalabilidade que eram impossíveis anteriormente com o modelo PoW.

O fato é que a experiência geral dos usuários só tende a melhorar com essa atualização, facilitando muito todas as operações na rede Ethereum. Isso impacta uma quantia enorme de dApps que rodam na rede, como diversos jogos em blockchain, plataformas de NFTs, entre muitos outros aplicativos Web3.

Desse modo, o The Merge foi uma grande atualização nos princípios fundamentais do funcionamento da rede Ethereum. Isso impactou todas as inúmeras funcionalidades da blockchain, e deve continuar produzindo benefícios para os seus usuários. Alguns deles podem ainda não ser perceptíveis, mas são parte fundamental para alcançar seu objetivo de tornar-se a principal plataforma blockchain, com suporte a todos que quiserem desenvolvê-la e juntar-se na concretização de sua visão.

Lucas S.

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