Em um anúncio oficial feito nesta quarta-feira (2), o Ministério do Interior do Quênia anunciou a suspensão das operações da Worldcoin no país, em meio a crescentes preocupações com a privacidade dos cidadãos, dada a natureza do projeto.
A Worldcoin, co-fundada por Sam Altman, CEO da OpenAI, empresa mãe do ChatGPT, utiliza escaneamento de íris para fornecer identidades digitais aos indivíduos, mas a coleta de dados biométricos sensíveis gerou questionamentos legais e éticos e já tem sido alvo de debates públicos em diversos países do mundo.
Segundo o político queniano, a suspensão das atividades é descrita como uma medida de precaução para garantir a segurança pública, e permanecerá em vigor até que agências competentes possam avaliar e certificar o projeto como livre de riscos.
A polêmica envolvendo a Worldcoin não se restringe apenas ao Quênia, já que países europeus, incluindo França, Alemanha e Reino Unido, também iniciaram investigações sobre o projeto cripto.
O uso de orbs, dispositivos que realizam as varreduras de íris, tem sido um ponto de interesse para os reguladores. Apesar dos questionamentos, os orbs ainda estão em operação, com 366 unidades ativas em todo o mundo e 2 mil já fabricadas e prontas para implantação, segundo dados da própria Worldcoin.
A Worldcoin afirmou em seu site que o projeto é “totalmente compatível com todas as leis e regulamentos que regem a coleta e transferência de dados biométricos, incluindo o Regulamento Geral de Proteção de Dados da Europa (GDPR)”.
No entanto, as preocupações persistem, levantando questões sobre a segurança e armazenamento dessas informações sensíveis.
Apesar dos desafios, a Worldcoin já conta com mais de 2 milhões de usuários de 120 nacionalidades diferentes em 34 países. O projeto incentiva a adesão, oferecendo tokens WLD em troca de um escaneamento das íris dos voluntários.
Com o preço do token recentemente listado em exchanges alcançando US$ 2,39, a criptomoeda atraiu atenção significativa.
Os planos para o futuro da Worldcoin
Embora o projeto esteja passando por um sério escrutínio de governos e organizações ligadas a sociedade, a Worldcoin já estuda como tentar se tornar útil ao poder público.
Em conversa com a agência de notícias Reuters, Ricardo Macieira, executivo ligado à Worldcoin, afirmou que um dos planos do projeto é, no futuro, expandir suas operações para cadastrar cada vez mais usuários globalmente e permitir que outras organizações usem sua tecnologia de escaneamento de íris e verificação de identidade, como governos, entidades governamentais e agências de regulação.
“Eu não acredito que seremos nós os responsáveis por gerar a renda básica universal. Se pudermos criar a infraestrutura que permita que governos ou outras entidades o façam, ficaremos muito felizes”, disse Macieira. “A ideia é que, à medida que construirmos essa infraestrutura, permitamos que outras partes interessadas usem a tecnologia”, conclui o diretor.
Ainda segundo informações da Forbes, a Worldcoin arrecadou US$ 115 milhões de investidores de capital de risco, incluindo Blockchain Capital, a16z crypto, Bain Capital Crypto e Distributed Global, em uma rodada de financiamento em maio.
Macieira disse que a Worldcoin continuará expandindo suas operações na Europa, América Latina, África e “todas as partes do mundo que nos aceitarem”.