Uma pesquisa divulgada no periódico Scientific Reports apresenta avanços significativos na aplicação de inteligência artificial no campo oncológico. Segundo o estudo, sistemas de IA demonstraram eficácia ao estimar, com quase 80% de precisão, as probabilidades de óbito e sobrevivência em pacientes acometidos por câncer colorretal. Desenvolvida por uma equipe de cientistas do Brasil, a investigação contou com o suporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e integra o projeto “Controle do Câncer no Estado de São Paulo (ConeCta-SP): do conhecimento à ação”. Este trabalho destaca-se pela sua contribuição na melhoria das estratégias de tratamento, fornecendo previsões mais precisas e personalizadas para cada paciente. Com esses dados, os profissionais de saúde podem otimizar as abordagens terapêuticas, potencializando as chances de sucesso no combate à doença. A pesquisa reforça a importância da tecnologia na medicina moderna, abrindo caminho para novas descobertas e aplicações práticas no diagnóstico e tratamento do câncer.
Utilizando um extenso conjunto de informações abrangendo 31.916 indivíduos tratados em mais de 70 instituições paulistas de 2000 a 2021, as informações foram coletadas do Registro Hospitalar de Câncer de São Paulo (RHC-SP), sob a gestão da Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp). As análises demonstraram que técnicas de inteligência artificial, incluindo algoritmos como Random Forest, Naive Bayes e XGBoost, foram minuciosamente avaliadas. Dentre eles, o XGBoost destacou-se, alcançando uma eficácia de 77% na predição tanto de óbitos quanto de sobrevivência de pacientes com câncer colorretal, em períodos de um, três e cinco anos após serem diagnosticados. Esta pesquisa sublinha o potencial transformador da IA na oncologia, evidenciando sua capacidade de fornecer insights valiosos para prognósticos a longo prazo. Ao integrar essas tecnologias avançadas, os profissionais de saúde podem aprimorar significativamente as estratégias de tratamento, elevando as taxas de sucesso e oferecendo uma abordagem mais personalizada no cuidado ao paciente. Esse avanço representa um marco importante na busca por terapias mais efetivas e individualizadas no combate ao câncer.
Os fatores mais influentes na análise dos modelos de IA englobaram a fase clínica do câncer, detalhes do tratamento aplicado (incluindo cirurgia, radioterapia e quimioterapia), ocorrência de recidivas, idade do paciente e a data de diagnóstico. Tatiana Toporcov, docente na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) e uma das autoras do estudo, destaca que esses sistemas de IA possuem a capacidade de gerar descobertas revolucionárias, essenciais para embasar decisões médicas e aprimorar a gestão na saúde pública. A incorporação desses dados nos modelos de IA não só melhora a precisão diagnóstica, mas também fornece uma visão mais abrangente do percurso da doença em diferentes pacientes. Este avanço tecnológico na medicina possibilita uma abordagem mais personalizada e eficiente no tratamento do câncer, promovendo uma melhor qualidade de vida para os pacientes e otimizando os recursos no setor da saúde. A pesquisa ressalta a importância da integração entre tecnologia e medicina, abrindo novos horizontes para o tratamento e manejo de doenças complexas como o câncer.
Na entrevista concedida para a publicação, ela elucidou que tais métodos podem criar projeções e estimativas de impacto na expectativa de vida de indivíduos com câncer, sendo estas informações especialmente valiosas em contextos de potenciais descontinuidades nos serviços de saúde, a exemplo de crises pandêmicas. Essa abordagem inovadora permite prever os efeitos de diferentes intervenções médicas no prognóstico do câncer, auxiliando no planejamento e na tomada de decisões estratégicas em saúde pública. Além disso, a capacidade de simular cenários diversos fornece uma ferramenta crucial para a preparação e resposta efetiva a situações emergenciais, como pandemias, garantindo a continuidade e a eficiência dos cuidados oncológicos. As conclusões desta pesquisa abrem caminho para um novo patamar de precisão e eficácia no manejo de doenças graves, reforçando o papel vital da IA na melhoria dos resultados de saúde e na otimização dos recursos em saúde.
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