Com o crescimento do mercado cripto, cada vez mais pessoas buscam investir em Bitcoin. Entretanto, algo que muitos novatos não sabem é que, para isso, é necessário possuir uma carteira de Bitcoins, usada para receber e enviar as moedas, além de guardá-las. Por isso, este post vai explorar a função das carteiras de criptomoedas, além de ensinar como criar uma para poder começar a investir.
O Bitcoin é uma moeda digital baseada na tecnologia blockchain. Eles são gerados pelo processo de mineração em que diversos dispositivos utilizam sua capacidade computacional para resolver equações de validação de operações, criando novos blocos na rede e, com isso, as novas moedas. Para ter acesso a estas moedas, é necessário possuir a chave criptográfica do endereço delas na rede. É aí que entra a carteira de Bitcoins.
Embora sua nomenclatura seja baseada no processo geral de ter acesso ao dinheiro e poder realizar operações, as carteiras de Bitcoin funcionam de um modo bem diferente das carteiras tradicionais. Elas não guardam diretamente as moedas, mas sim a informação criptográfica que direciona ao seu endereço na blockchain e pode autorizar as transações com estas moedas na rede. Esta informação é acessada a partir da chamada chave privada.
As Chaves da Carteira de Bitcoins
As carteiras de Bitcoin possuem duas informações principais: a chave privada e a chave pública. A chave privada, como já foi dito, guarda o endereço dos Bitcoins da carteira, e possibilita que as transações sejam autorizadas. Ela funciona como uma senha, sendo composta de 64 caracteres gerados a partir de uma frase de 12 palavras. Como o nome já indica, essa chave deve ser privada, guardada com muita segurança e nunca compartilhada com ninguém, pois funciona basicamente como a chave para o seu cofre de Bitcoins.
Já a carteira pública funciona como um endereço para receber transferências. Assim, ela identifica sua conta na rede, e deve ser compartilhada com quem for mandar Bitcoins para sua carteira. Pense nela como um endereço de email. Entretanto, como é possível ver o histórico de transações a partir da chave pública, existem formas de gerar novas chaves públicas para cada transação, permitindo que usuários obtenham maior privacidade.
É com essas duas chaves, então, que se torna possível realizar todas as operações com Bitcoins. Cada criptomoeda utilizará suas próprias chaves, devido a possuírem endereços próprios em suas redes, e por isso tecnicamente precisariam de carteiras próprias. Entretanto, existem diversas carteiras capazes de guardar diferentes chaves, permitindo transações com todos os tipos de cripto, e até mesmo com NFTs.
Quais são os tipos de carteiras de Bitcoin?
Existem diversas formas diferentes de armazenar as chaves para acessar seus Bitcoins. A partir disso que se caracterizam os tipos das carteiras, divididos em cinco categorias. Por causa disso, é comum que as pessoas se perguntem sobre qual é a melhor carteira de Bitcoin ou para guardar criptomoedas. Entretanto, não há uma resposta definitiva, já que cada tipo apresenta suas vantagens e desvantagens, devendo ao usuário escolher o que ele considera melhor. Para chegar nessa escolha, segue uma descrição de cada um dos tipos existentes, junto de suas qualidades e defeitos.
Carteiras de hardware: Um dispositivo de armazenamento offline, como um disco rígido ou um pen drive, que foi produzido especificamente para funcionar como uma carteira de criptomoedas. É considerado o tipo mais seguro de carteiras, pois as chaves nunca saem do dispositivo, devendo apenas ser plugado para confirmar as transações. Uma carteira de hardware não pode se conectar à internet, o que evita qualquer possibilidade de ataques hackers, e o sistema operacional é extremamente específico, deixando-a imune a vírus. Ela também possui camadas extras de segurança, como códigos pin, o que impede que alguém que a roube tenha acesso aos seus fundos. Caso ela seja roubada, perdida, ou pare de funcionar, é possível reutilizar a frase de geração de chave privada em outra carteira para gerar uma nova chave e recuperar acesso aos fundos.
Carteiras mobile: Aplicativos de carteiras que podem ser instaladas em smartphones. São ótimas pedidas para pessoas que realizam muitas transações em cripto ao longo do dia, pois permitem fácil acesso em qualquer lugar pelo telefone, sendo possível até autorizar transações por aproximação com a tecnologia NFC. Entretanto, acabam sendo muito mais suscetíveis a roubos, golpes, vírus ou ataques hackers por causa disso. Por causa disso, é importantíssimo ativar a autenticação de dois fatores (2FA) se usar carteiras mobiles, adicionando uma segunda camada de segurança. Ainda assim, elas continuam sendo menos seguras que as carteiras de hardware, e por isso é aconselhável que se tenha apenas uma pequena quantidade necessária para as transações neste tipo, guardando o resto de forma mais segura.
Carteiras de desktop: São programas instalados em computadores pessoais e laptops, compatíveis com Windows, Mac e Linux. Assim, as chaves da carteira ficam salvas no computador, e podem ser usadas sem necessidade de conexão à internet. Estes programas são mais avançados do que os aplicativos mobile, permitindo mais funcionalidades e segurança. Ainda assim, computadores são suscetíveis a vírus e ataques hacker, fazendo das carteiras de desktop menos seguras do que as de hardware. Mesmo assim, elas são ótimas pedidas para entusiastas e programadores, pois permitem funcionalidades únicas e avançadas, como a possibilidade de aumentar a velocidade das transações por meio do aumento das taxas.
Carteiras de papel: São documentos físicos contendo as chaves, geralmente na forma de códigos QR para facilitar as transações. Sua vantagem é serem completamente imunes a hackers e vírus, mas as desvantagens também são grandes, como a facilidade de perdê-las, e o pior, serem roubadas, caso em que quem roubou terá acesso direto aos fundos.
Carteiras de exchanges: Por fim, há as carteiras disponibilizadas pelas exchanges, empresas que oferecem serviços de transação de cripto. Neste caso, as chaves serão armazenadas nos servidores da empresa, e acessadas a partir do seu login. Estas carteiras facilitam muito o acesso, automatizando o envio e recebimento dos Bitcoins, além de não ser necessário se preocupar com onde guardar suas chaves. Entretanto, isso vem com maiores taxas nas transações, além do fato de que as chaves estão na posse de terceiros, com estes podendo congelar seus fundos, banir sua conta, ou perder tudo em grandes ataques de hackers. Por causa disso, algumas exchanges renomadas como a Binance oferecem alguns graus de proteção contra tais perdas, com seguros e fundos de reserva. Além disso, há também o uso de autenticação de 2 fatores para impedir que contas sejam facilmente hackeadas.
Como criar uma carteira de Bitcoin
Após aprender sobre todos os tipos de carteiras, o usuário pode ter se decidido por uma delas, sem saber exatamente por onde começar para criá-la. Primeiro de tudo, é importantíssimo lembrar que lidar com Bitcoins é lidar com dinheiro, sendo imprescindível muita pesquisa sobre o assunto antes de qualquer investimento. A partir daí, vai depender do tipo de carteira escolhida.
No caso da escolha de uma carteira de hardware, será necessário comprar o dispositivo. Existem diversas carteiras de hardware diferentes, com as mais renomadas atualmente sendo das marcas Ledger e Trezor. Cada modelo terá suas particularidades, como mais camadas de proteção, telas, touch screen, o que também resulta em diferentes preços. Tudo isso fica à disposição das preferências do usuário, mas o que realmente importa é ter certeza de que está comprando um dispositivo com reputação. Isso porque existem muitos dispositivos desconhecidos e baratos que na verdade se tratam de tentativas de golpe, contendo código para roubar os Bitcoins de quem utilizá-los. Além disso, é importante só comprar dispositivos novos, pois um usado também poderá conter código malicioso para roubar fundos.
Já para carteiras mobile e de desktop, deve-se encontrar o programa desejado, baixá-lo e instalá-lo no dispositivo de preferência. As principais carteiras de desktop atualmente são Sparrow, Sparrow, Metamask e Wasabi, enquanto as principais mobile são Muun Wallet, Trust Wallet, Blue Wallet. Há também carteiras com versões para ambos desktop e mobile, com as principais sendo Electrum, Exodus e Atomic. Novamente se aplica o mesmo conhecimento das carteiras de hardware, em que cada carteira terá funções próprias que deverão ser consideradas pelo usuário, além de que é importante só usar carteiras com renome, pois também existem muitos aplicativos e programas desconhecidos com o intuito único de roubar fundos.
Quanto a carteiras de papel, o usuário é completamente responsável pela forma de montar sua carteira. A melhor forma é utilizar um dispositivo offline e limpo para gerar as chaves, para então transformá-las em códigos QR com programas offline e imprimir estes códigos também em uma impressora offline. Não é necessário fazer desta forma, mas é o modo mais seguro, pois evita qualquer possibilidade de que os dados sejam roubados. Por fim, deve-se proteger a carteira impressa para que ela não seja facilmente danificada, seja laminando-a ou utilizando outros materiais.
Por fim, as carteiras de exchanges são criadas após registrar uma conta. A Binance é a principal delas, e pode ser acessada tanto pelo navegador quanto pelo aplicativo de celular. Após criar uma conta, é só selecionar o tipo de carteira a ser criada e começar a usá-la. Como já foi dito, sempre use apenas exchanges confiáveis, e certifique-se de ter seguranças adicionais como a verificação por duas etapas ativas.
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Cuidado é tudo, proteja suas chaves!
Algo que deve ter ficado muito claro durante esse texto é o foco em segurança. Afinal de contas, Bitcoin é dinheiro, então é necessário que sua carteira esteja muito protegida. Isso inclui bons hábitos como nunca usar sua carteira em dispositivos potencialmente comprometidos, evitar escrever sua chave privada em documentos simples de texto, ou pior ainda, enviá-la em mensagens online. Na medida do possível, o melhor é evitar ter sua carteira em qualquer dispositivo que se conecte à internet, mas caso isso não seja possível, garanta que seu dispositivo está seguro e livre de vírus e softwares maliciosos.
Fora tentativas de ataques digitais, é sempre bom relembrar sobre cuidados contra roubos físicos também. Afinal, se alguém roubar seu computador com sua carteira, também poderá ter acesso aos seus fundos. Por isso é importante garantir que seu dispositivo tenha diversas defesas contra o acesso de terceiros, como senha para logar e para acessar a carteira.
Uma coisa importantíssima além de garantir a segurança de sua carteira contra terceiros, é proteger contra si próprio. Já houve muitos casos ao longo destas duas décadas de existência do Bitcoin que pessoas perderam seus dispositivos com suas chaves e esqueceram suas frases geradoras, apenas para ver o Bitcoin se valorizando exponencialmente em seguida.
Um dos maiores exemplos disso foi James Howells, um galês que acidentalmente jogou no lixo seu disco rígido contendo 8.000 Bitcoins em 2013. Naquela época, esse valor já era o equivalente a cerca de US$ 240.000, mas atualmente esse valor já passa de US$ 230 milhões.
Existem diversos outros casos parecidos, servindo para nos relembrar de que todo cuidado é pouco. Ao lidar com uma carteira de Bitcoins, está se lidando com dinheiro. Sendo assim, proteja suas chaves, guarde sua frase geradora na memória e evite se tornar mais um conto preventivo.