O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconheceu o progresso da economia brasileira e destacou a agenda de digitalização financeira proposta pelo governo.
Em relatório publicado nesta semana, o FMI destaca que, entre os diretores financeiros consultados, a visão sobre o futuro da economia brasileira é promissora, com processos de inovação e digitalização financeira avançando de forma acelerada e contínua.
Além disso, o FMI elogiou o Real Digital (RD) e o Pix, ressaltando que o RD é concebido como uma plataforma “inteligente” para serviços financeiros, promovendo a inovação. O Pix, por sua vez, já se mostrou eficiente na melhoria da inclusão financeira e agilidade nos pagamentos de varejo.
“Os diretores elogiaram as iniciativas bem-sucedidas no sistema de pagamento instantâneo Pix e no ambiente de open finance, bem como os planos para o Real Digital, enfatizando a importância de estar atento aos possíveis riscos de estabilidade financeira relacionados à digitalização”, diz o FMI em sua análise.
“Porém, há a necessidade de gerenciar cuidadosamente um papel maior para os bancos públicos a fim de mitigar riscos para a sustentabilidade fiscal e a transmissão da política monetária”, acrescenta o texto.
Ainda no caminho da digitalização, o FMI elogiou a postura do Banco Central (BC) a respeito da criação do Real Digital, projetado pelo BC para ser introduzido na economia brasileira até 2025.
“O Real Digital (RD) tem como objetivo sustentar uma infraestrutura pública de blockchain em um ambiente regulado. O RD seria interoperável com as infraestruturas de pagamento existentes e facilitaria novos modelos de negócios. O design dessa infraestrutura também busca minimizar os riscos de desintermediação financeira por meio de depósitos/contas tokenizados emitidos por instituições regulamentadas como o principal instrumento de pagamento”, diz o FMI em seu texto.
Ainda de acordo com o FMI, com o tempo, o real digital exigirá a representação digital de mais ativos do mundo real para permitir a transição para serviços financeiros baseados em tokens.
“Essa transição precisaria ser gradual e complementada por mudanças no ambiente legal e regulatório, para que os tokens cumpram suas funções de forma confiável sem comprometer a proteção ao consumidor, a estabilidade financeira e a integridade do mercado”, explica o FMI.
FMI aponta crescimento do PIB brasileiro
Apesar dos avanços, o FMI cobra uma consolidação fiscal mais ambiciosa, e destaca os desafios econômicos a serem enfrentados pelo Brasil, como o crescimento potencial relativamente baixo, inflação e endividamento das famílias.
O FMI prevê um crescimento de 2,1% para o Brasil em 2023, com a atividade econômica caminhando em direção ao seu potencial a médio prazo.
No entanto, as reformas tributárias, o novo arcabouço fiscal e o programa Desenrola do governo foram pontos recebidos de forma muito positiva no relatório da instituição.
Segundo o economista Afonso Bevilaqua, diretor executivo responsável por representar o Brasil no FMI, o crescimento potencial do país só será concretizado de forma efetiva se houver uma continuidade de reformas que aumentam a produtividade.
“As reformas implementadas nos últimos anos estão tendo efeito na economia. Recentemente, as autoridades lançaram uma nova iniciativa para reduzir o custo do financiamento e impulsionar o investimento, fortalecendo as garantias de crédito, aprofundando os mercados de capitais e modernizando a legislação financeira. Além disso, a reforma tributária já aprovada na Câmara dos Deputados e agora sendo considerada no Senado terá um impacto significativo na produtividade nos próximos anos”, diz Bevilaqua no relatório.
“Abordar gargalos na infraestrutura e aumentar o fornecimento de serviços básicos com a mobilização de capital privado facilitada por reformas recentes e propostas também ajudará a aumentar a capacidade produtiva”, finaliza o diretor.