Conheça Gods Unchained, o jogo de cartas NFT do diretor de Magic Arena

Conheça Gods Unchained

Gods Unchained é um TCG (trading card game, ou jogo de cartas colecionáveis em português) digital baseado em blockchain desenvolvido pela Immutable. O jogo veio em um momento em que as versões digitais de jogos de cartas colecionáveis começaram a explodir no mercado, aproveitando-se do encaixe perfeito do gênero com a tecnologia NFT para evoluir a experiência. Com isso, conseguiu atrair o diretor de um dos seus principais rivais para o projeto, deixando claro seu potencial. O jogo também acaba de ser lançado na Epic Games, uma das principais plataformas de jogos para computador.

Recentemente, TCGs digitais vêm ganhando muita relevância. É possível traçar o início disso para quando a Blizzard adaptou o universo de Warcraft no TCG Hearthstone, lançado ainda em 2014, obtendo enorme sucesso. A partir daí, outras franquias buscaram se aventurar nesse mundo, incluindo The Elder Scrolls com a Bethesda lançando The Elder Scrolls: Legends, e The Witcher com a CD Projekt Red disponibilizando Gwent: The Witcher Card Game, ambos em 2017.

Isso chamou a atenção das grandes empresas de TCGs físicos, que perceberam estar perdendo um mercado em potencial, sem falar na possível perda de espaço dos seus jogos físicos para este novo formato digital. Foi com isso que a Wizards of the Coast começou a desenvolver sua versão online de Magic The Gathering (MTG), chamada MTG: Arena, que seria lançada em beta no fim de 2017, com sua versão completa chegando apenas em 2019.

Além disso, a pandemia aumentou ainda mais a demanda pelos TCGs virtuais, quando atrapalhou os campeonatos das suas versões físicas. Isso levou outras empresas a adaptarem seus clássicos para o novo formato, como a Konami ao lançar Yu-gi-Oh! Master Duel no início de 2022, e a Pokemon Company atualizando seu antigo Pokémon TCG Online para um formato mais moderno com Pokémon Trading Card Game Live no mesmo ano. Junto disso, ainda houve o lançamento de Marvel Snap, um TCG digital baseado no conhecido universo de heróis e que também se tornou um enorme sucesso.

NFTs e TCGs: Gods Unchained encontra uma combinação perfeita

A combinação de NFTs com TCG funcionou perfeitamente
A combinação de NFTs com TCG funcionou perfeitamente – Foto: Divulgação/Gods Unchained

O boom dos TCGs virtuais ocorreu na mesma época que a tecnologia NFT foi desenvolvida, em 2017, atraindo diversos desenvolvedores interessados no seu potencial para itens colecionáveis. NFTs são tokens que representam criptograficamente itens digitais, garantindo que eles sejam únicos, sem ter como reproduzi-los. Além disso, eles também podem ser negociados e trocados na blockchain, facilitando que seus donos os negociem.

Essa tecnologia caiu como uma luva para o gênero de TCG, que se baseia em colecionar itens. Ao lidar com cartas físicas, os jogadores sempre puderam trocá-las e vendê-las, algo que não era possível em suas versões digitais, visto que as cartas não eram realmente propriedades dos jogadores, mas sim das desenvolvedoras que apenas as disponibilizavam para eles. Com os NFTs, porém, finalmente se tornou possível reproduzir muito mais fielmente a forma como as cartas físicas funcionam, permitindo que os jogadores tenham total propriedade de suas cartas digitais.

Foi assim que Gods Unchained surgiu, tendo seu primeiro lançamento em beta em 2018, arrecadando US$ 2,4 milhões de startups cripto e US$ 4 milhões em vendas de cartas. Desenvolvido pela Immutable, anteriormente chamada de Fuel Games, o jogo trouxe uma forte inspiração em Hearthstone, perceptível em seu visual durante os duelos, e rapidamente se tornou um dos jogos NFT de maior sucesso.

Gods Unchained foi um dos primeiros jogos play-to-earn a realmente mostrar o seu potencial para a indústria de games. Isso porque anteriormente se viam mais jogos como CryptoKitties, com conceitos mais simples e poucos recursos. Gods Unchained veio trazendo conteúdo e visuais para competir com gigantes como a Blizzard, deixando claro que jogos NFTs não precisariam dever nada aos jogos tradicionais.

Ele também foi um dos primeiros jogos a entender que a parte financeira dos jogos NFT não deveria ser mais importante do que a diversão, permitindo que seus jogadores ignorasse até por completo a parte financeira caso assim desejassem. Isso porque o jogo nem sequer requer uma carteira de criptomoedas para começar a jogar, algo que a maioria dos outros jogos NFT pede. Assim, dá para dizer que Gods Unchained já fazia parte do modelo play-and-earn antes mesmo de sua concepção.

Um conceito que conquistou rivais

Chris Clay dirigiu Magic Arena, um dos maiores TCGs digitais
Chris Clay dirigiu Magic Arena, um dos maiores TCGs digitais – Foto: Divulgação/Magic Arena

O potencial de Gods Unchained era tão grande que algo inusitado ocorreu. Chris Clay era executivo da Wizards of the Coast desde 2016, sendo o responsável por dirigir Magic Arena até a sua beta. Entretanto, encantado com a ideia de um TCG que utilizava NFTs para suas cartas, ele acabou saindo da empresa em 2019 para se juntar à Immutable, tornando-se diretor de Gods Unchained.

Um detalhe importante para os mais perdidos é que MTG é o maior TCG do mundo. Sua versão digital Arena também foi um enorme sucesso, possuindo mais de 3 milhões de jogadores na época que Clay decidiu mudar de lado, sendo a segunda maior receita da Hasbro no segundo trimestre daquele ano, mesmo estando ainda na fase beta.

Assim, sair de um projeto de tão grande renome para se juntar a algo totalmente novo mostra a confiança de Clay em Gods Unchained. Além disso, passa enorme credibilidade para o jogo, algo que muitos outros jogos NFT lutam para conseguir.

Em uma declaração, Chris Clay explicou o que o atraiu: “Uma carta na blockchain não fica parada em um banco de dados, tendo a habilidade de atravessar o mundo e saber por onde ela passou. Profissionais de Esports, streamers e artistas podem todos assinar e vender itens digitais para fãs. A blockchain não é apenas para dinheiro digital, ela está montando a fundação para uma economia digital completamente nova”.

Como funciona o Gods Unchained?

A interface do jogo é bastante familiar para quem conhece Hearthstone
A interface do jogo é bastante familiar para quem conhece Hearthstone – Foto: Divulgação/Gods Unchained

Gods Unchained é free-to-play, ou seja, gratuito para começar a jogar. Disponível para Windows e Mac, basta visitar o site para criar uma conta e baixar o jogo. Como já foi dito, não é necessário ter uma carteira de criptomoedas prévia, e o jogador pode começar sem nenhum conhecimento de cripto. Só se torna necessário se o jogador quiser coletar as cartas como NFTs ou negociá-las. Há uma versão mobile planejada para o futuro.

Ao começar, o jogador ganha 70 cartas gratuitas e deve vencer duelos para conseguir mais, ou comprá-las diretamente pelo marketplace. O jogo possui modo solo para jogar contra o PC, ranqueado para jogar online e subir na classificação, e o desafio direto que permite duelar diretamente com seus amigos.

Em termos de jogabilidade, o jogo é em turnos, nos quais cada jogador usa seus pontos de mana para poder jogar suas cartas. Cada deck utiliza como base um de seis deuses diferentes do jogo. Este deus começa as partidas com 30 pontos de vida, e o jogador é derrotado se essa quantia chegar a zero.

As cartas possuem três tipos: criaturas, que são as responsáveis por defender o deus do jogador e atacar deus e criaturas inimigas; magias, que possuem efeitos especiais instantâneos e são então descartadas; e relíquias, que permitem ao deus do jogador uma habilidade ou ataque direto. Cada carta possui diversos atributos específicos como domínio, força e vida.

As cartas também são divididas em raridade e qualidade, sendo que quanto maiores, mais valiosas. As cartas de qualidade “plain” são as que não são NFTs e então não podem ser vendidas, a não ser que junte-se mais de uma da mesma carta dessa qualidade para transformar em uma melhor.

Um dos pontos mais elogiados de Gods Unchained é o balanceamento do jogo, pois mesmo um jogador com cartas básicas pode vencer se souber fazer boas estratégias. Assim, o jogo é baseado na habilidade dos jogadores, e não no poder aquisitivo deles, não sendo o que se chama de pay-to-win (pagar para vencer).

Além da parte jogável, o jogo também possui uma criação artística muito rica. As cartas fazem parte de um mundo com uma história profunda, além de possuírem belas artes que exploram estas histórias.

Quanto paga Gods Unchained?

Aqua, o marketplace de Gods Unchained
Aqua, o marketplace de Gods Unchained – Foto: Reprodução/Aqua

Para lucrar com Gods Unchained, os jogadores devem vender suas cartas NFT. É possível fazer isso diretamente no marketplace do jogo, utilizando a criptomoeda nativa $GODS. Esta moeda utiliza o padrão ERC-20 da rede Ethereum, que é a rede base do Gods Unchained, e pode ser negociada em diversas exchanges.

Além disso, o jogo utiliza uma layer2 proprietária da rede Ethereum chamada Immutable X, que também será usada em outros jogos muito aguardados como Guild of Guardians e Illuvium. Essa camada de rede permite que as negociações entre cartas e a criptomoeda nativa sejam executadas com menos taxas e muito mais velocidade.

Em termos de valores, as cartas possuem preços muito variáveis. Eles vão desde 1 centavo para as cartas mais comuns, até mais de US$ 10.000 para as mais raras. Atualmente, mais de US$ 52 milhões já foram negociados em cartas, com o jogo possuindo mais de 13 milhões de NFTs no total.

Muitas pessoas também se perguntam quantos jogadores tem Gods Unchained. Atualmente, há mais de meio milhão de usuários registrados. O jogo alcançou seu pico de jogadores ativos no começo de 2022, com mais de 50.000. Esse número acabou caindo um pouco com as baixas do mercado de cripto, e tem ficado na casa dos 10.000. Ainda assim, esse ainda é um número expressivo, e o jogo conta com uma comunidade fiel que é muito dedicada.

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Lucas S.

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