Quase todo mundo que está antenado no mundo cripto já ouviu falar na Dogecoin, a criptomoeda criada em referência ao clássico meme do cachorro da raça Shiba Inu. Em 2020, porém, foi criada uma nova memecoin baseada no cachorrinho, que atualmente rivaliza diretamente com a sua antecessora. São as coins Shiba Inu, que rapidamente ganharam relevância tornando-se uma das criptomoedas mais populares atualmente.
A moeda Shiba Inu foi lançada especificamente para competir com a Dogecoin, autointitulando-se “a assassina do Dogecoin”. Criada por um indivíduo anônimo ou um grupo sob o nome de Ryoshi, a Shiba Inu utiliza um conceito muito próximo ao da antecessora, mas buscando um foco ainda maior em sua comunidade.
Entendendo o que são memecoins
Após a criação das criptomoedas, muitas pessoas não acreditavam na sua utilidade, afirmando muitas vezes que elas seriam apenas uma bolha especulativa prestes a estourar a qualquer momento. A partir disso, certos grupos resolveram criar moedas baseadas em memes para parodiar o conceito de cripto.
Foi assim que, em 2013, nasceu a Dogecoin, a primeira memecoin, e a mais conhecida até hoje. Inicialmente apenas uma brincadeira, a moeda obteve engajamento extremo da comunidade, fazendo-a atingir grandes níveis de relevância, incluindo diversas vezes o apoio de Elon Musk, ex-homem mais rico do mundo, e atual dono do Twitter.
A moeda foi baseada no clássico meme do “doge”, um cachorro da raça Shiba Inu apelidado com uma corruptela do termo em inglês para cachorro. Em janeiro de 2014, a moeda já havia atingido uma capitalização de mais de US$ 60 milhões, deixando claro o poder da comunidade de memes.
Um fator fundamental das memecoins é o fornecimento de quantidades enormes de tokens no mercado com preços baixos, para permitir um forte engajamento da comunidade. Além disso, elas apresentam uma volatilidade muito maior de valor que as moedas mais tradicionais, por não apresentarem grandes propósitos práticos além do seu princípio paródico e do engajamento da comunidade, o que as deixa muitas vezes na mira de especulação por parte daqueles que querem multiplicar rapidamente seus investimentos.
Depois da Dogecoin, diversas outras memecoins surgiram com a esperança de reproduzir o mesmo fenômeno dela. Entretanto, nenhuma conseguiu chegar perto de repetir tal feito, ficando apenas na parte cômica de se basear em memes e conceitos engraçados e peculiares sem ter uma função específica além disso. Isso, é claro, até a criação das coins Shiba Inu.
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Shiba Inu coins vs Dogecoin
A Shiba Inu já nasceu com o propósito definido de ser a primeira rival real da Dogecoin. Isso já fica perceptível no nome dela, sendo o nome da raça do cachorro no qual a Dogecoin já havia se inspirado. Entretanto, a Shiba Inu não quis ser apenas mais uma memecoin que seria rapidamente esquecida, e, para isso, ela trouxe um foco ainda maior na sua comunidade, chamada de ShibArmy (exército da Shiba), com um ecossistema desenvolvido para dar suporte a este objetivo.
Dessa forma, o ecossistema das Shiba Inu coins é formado por três principais ferramentas. A ShibaSwap é a exchange com foco em finanças descentralizadas (DeFi) voltada para os usuários da comunidade negociarem suas criptomoedas Shiba Inu. Já a Shiba Inu Incubator é uma incubadora voltada para a ShibArmy expressar sua criatividade e desenvolver peças artísticas inovadoras para serem transformadas em NFTs. Finalmente, há as Shiboshis, que são uma coleção de 10.000 NFTs geradas no ecossistema Shiba Inu, que podem ser compradas e trocadas na própria ShibaSwap sem taxas, e também na principal plataforma de NFTs, a OpenSea.
As coins da Shiba Inu também se dividem em três tokens com funções diferentes. O primeiro é a própria Shiba Inu, ou SHIB, que é a criptomoeda predominante do projeto, com um total de 1 quatrilhão de tokens em seu lançamento. Destes, 50% (500 trilhões) foram inicialmente colocados na Uniswap para ter liquidez, enquanto os outros 50% foram dados ao cofundador da rede Ethereum, Vitalik Buterin. Em maio de 2021, ele doou mais de 50 trilhões de Shiba Inu coins, que valiam no total mais de US$ 1 bilhão na época, para um fundo de amparo contra a COVID-19 na Índia. A criptomoeda funciona no padrão ERC-20 da rede Ethereum, e pode ser trocada por quaisquer outras moedas do mesmo padrão.
O segundo Token é o Leash, que em português se traduz como coleira, mantendo a temática de cachorro da criptomoeda. Este token tem um fornecimento de 107.646 unidades, com o propósito de ser a versão de baixa oferta da Shiba Inu, além de recompensar os validadores de transações. Inicialmente, ele servia como um “rebase token”, alterando o fornecimento circulante para se ajustar ao preço do token. Entretanto, a função de rebase acabou sendo desativada, e o Leash passou a funcionar normalmente no padrão ERC-20 assim como a Shiba Inu.
Por fim, o terceiro token que faz parte das Shiba Inu coins é o Bone, osso em português. Este só está disponível na exchange própria da Shiba Inu, a ShibaSwap, com um total de 250 milhões de tokens. O seu propósito é de ser um meio-termo de oferta entre os outros dois tokens, além de servir como token de governança, permitindo que seus possuidores votem em decisões sobre o funcionamento das coins.
O fato das Shiba Inu coins funcionarem no padrão ERC-20 do Ethereum é sua principal vantagem ante à Dogecoin, pois permite que elas interajam com diversos projetos DeFi dessa rede. Enquanto isso, a Doge permanece como apenas uma moeda alternativa de pagamentos. Além disso, a quantia de Shiba Inu em circulação é muito superior a de Dogecoin, o que favorece o engajamento da comunidade.
Com isso, fica claro que as Shiba Inu coins trazem diversas inovações e funcionalidades que justificam o apelido de “assassina de Dogecoin”. Não que a sua antecessora vá realmente sumir, o que seria difícil dada sua popularidade, mas há uma enorme evolução que as Shiba Inu coins trazem em frente a ela. Ainda assim, devemos ouvir falar muito sobre o embate das duas principais memecoins do cachorrinho ao longo dos próximos anos.