O governo brasileiro está em busca de uma revisão do acordo de fornecimento de energia da usina hidrelétrica de Itaipu.
Situada na região de Foz do Iguaçu, resultado de um acordo binacional entre o Brasil e o Paraguai assinado em 1973, a usina binacional de Itaipu é responsável por cerca de 86% de toda energia elétrica consumida no Paraguai.
Esse acordo prevê uma revisão dos termos após 50 anos, e o momento de reavaliar o tratado se aproxima, visto que a última tratativa sobre o assunto foi realizada em 1973.
O principal objetivo da revisão é equilibrar os termos do acordo para que eles atendam melhor aos interesses de ambos os países.
O governo brasileiro deseja buscar uma redução no custo da energia fornecida pelo Paraguai ao Brasil. Com isso em mente, estão agendadas reuniões entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente paraguaio Santiago Penã para debater o assunto.
Segundo o ministro brasileiro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, uma conversa entre o presidente brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva, e o presidente paraguaio, Santiago Peña, deve acontecer ainda nesta sexta-feira.
Vale dizer que a usina binacional de Itaipu é de suma importância tanto para o Brasil como para o Paraguai, embora nossos vizinhos tenham uma depedência maior da energia gerada pela usina de Foz do Iguaçu.
Com 20 unidades geradoras e uma potência instalada de 14.000 MW, a Itaipu é responsável por fornecer apenas 8,7% da energia consumida no Brasil, contra mais de 86% do Paraguai.
Acordo pode afetar diretamente a mineração no Paraguai
No entanto, a revisão do acordo pode ter um impacto na recente ascensão do Paraguai como um destino atraente para a mineração de Bitcoin.
A possível alteração nos preços da energia fornecida aos mineradores no país pode afetar os planos de desenvolvimento da indústria de mineração de criptomoedas no Paraguai.
A mineração de Bitcoin no Paraguai teve início por volta de 2015, com a participação de mineradores brasileiros, incluindo o empresário Rocelo Lopes. Ao longo dos anos, grandes fazendas de mineração dos EUA e da China também chegaram à região.
De acordo com informações divulgadas pela Sazmining, companhia americana especializada na mineração de bitcoin e consultoria sobre o mercado de criptoativos, o custo acordado com o governo paraguaio foi de US$ 0,047 por kW/h, o que representa uma substancial economia em relação aos US$ 0,18 pagos nos EUA.
Kent Halliburton, presidente e COO da Sazmining, afirmou que muitos funcionários e pessoas próximas ao governo estão envolvidos em atividades de mineração de Bitcoin no Paraguai, o que pode proporcionar um ambiente favorável para a indústria de mineração no país.
Ele destacou que, na América do Sul, as relações têm um impacto significativo na rapidez ou lentidão das coisas, e enxerga o Paraguai como um local promissor para a indústria de mineração, com potencial para se tornar uma nova referência no setor, assim como o Texas nos Estados Unidos.
As próximas reuniões entre os presidentes do Brasil e do Paraguai serão decisivas para determinar os rumos da revisão do acordo de fornecimento de energia de Itaipu e, por consequência, o impacto que isso poderá ter na indústria de mineração de Bitcoin no Paraguai.
O tema é de extrema relevância para ambos os países e deverá ser tratado com cautela para assegurar um equilíbrio adequado entre os interesses envolvidos.